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terça-feira, 12 de abril de 2011

Alguns pensamentos sobre as guerras táuricas

Alguns meses atrás eu finalmente adquiri o suplemento Guerras Táuricas!

(Som de soldados batendo nos escudos e gritando AEEEEEE!)

Eu não vou escrever uma resenha, tanto porque eu não sei, quanto porque já tem algumas ótimas na internet. Mais ainda, aposto que todos vocês já compraram o livro. Então eu vou só vou fazer umas considerações gerais...

Esse minotauro me dava medo!

 Eu sempre achei os minotauros de Arton um elemento muito interessante, não apenas por serem legais, mas porque eu os vi nascer! Eu comprei a Revista Tormenta número 2 na banca quando ela saiu! (Para os desavisados, foi nessa revista que pela primeira vez os minotauros de Arton foram mencionados). Eu vi Tauron subir de "aspecto da Divina Serpente" à deus maior. E muito mais tarde eu ouvi falar de umas tais guerras táuricas... Que eu NÃO acompanhei pela Dragonslayer. Então pra mim a maior parte do material do livro era novidade mesmo!

Antes de comprar o livro eu li essa resenha do Nume, onde ele critica alguns pontos da plausibilidade dos eventos narrados no livro... Mas eu achei a vitória dos minotauros altamente plausível! Pelos seguintes motivos:

Em primeiro lugar, devemos lembrar que minotauros dão ótimos guerreiros. Não apenas eles são mais fortes que os demais humanóides, como eles são muito bem treinados. Num combate corpo-a-corpo eles têm vantagens tanto no ataque (mais força, chifres) quando na defesa (couro grosso, maior resistência física) (leia: For+4, Con+2 CA+1 e chifres)

Depois, Tapista possui um dos maiores exércitos do Reinado, apenas Yuden e Deheon possuem exércitos numericamente comparáveis. Mas os exércitos destes dois reinos estão engajados em frentes de batalha contra a Tormenta e a Aliança Negra. Além disso, nenhum destes reinos foi invadido. Então, não apenas os minotauros possuem soldados melhores como detém a vantagem numérica.

Mais do que isso, acho que os minotauros são o único reino (do Reinado) que mantém uma armada numerosa e bem treinada. E eles usaram esta armada para atacar de surpresa por mar, enquanto o resto de seu exército atacava de surpresa por terra.

Recapitulando: Tapista é um reino com um exército numeroso e bem-treinado, que invadiu um punhado de reinos pequenos, com exércitos pequenos desqualificados. Não contentes eles atacaram em duas frentes e de surpresa.

A vitória faz todo sentido!
Os minotauros chegarem em todos os lugares mesmo!

Sobre a estabilização dos territórios


Outro ponto questionado internet afora foi a estabilização dos territórios pelos minotauros, realmente foi algo estranho, mas não totalmente implausível ao meu ver.
Imagine-se vivendo em um território dominado por uma elite que você não aprova. Todos acreditam que esta elite é imoral e só se preocupa com seus próprios interesses. Além disso, é exigido de você que coopere com esta elite através de sua força de trabalho, e seus filhos estão condenados a seguir o mesmo destino.

Bem vindo ao Brasil! Digo, Império de Tauron... Ou seja, nem sempre uma situação revoltante efetivamente provoca revoltas populares.

Mas não é (só) por isso que eu não achei a estabilização inverossímil. Pense como o cidadão comum, o cara com menos de 1,70 de altura, menos de 80 kg, sem armadura, sem espada e com uma família pra proteger. Aí sua cidade é invadida por centenas de minotauros. Homens com cara de boi, mais de 1,80 de altura, mais de 100kg de músculos, armadura, espada e treinamento espartano. E eles já mataram a metade dos guardas que não se rendeu.

Se você for contra os chifrudos morre ou vira escravo (sem falar no que acontece com sua esposa). Se ficar na sua, só precisa continuar pagando impostos. Você ia mesmo se revoltar? Arriscando morrer e ter sua mulher e possíveis irmãs e filhas "abrigadas" pelos minos? Talvez você se revoltasse, mas você acredita mesmo que a maior parte da população iria com você?

Esse é o estado atual das coisas, o cidadão comum pode até ser contra os minotauros, pode não gostar do estado atual das coisas, mas ele não vai fazer nada contra isso. Não sozinho, não sem uma liderança.

Então, eu não acho que o Império de Tauron tenha uma estabilidade perfeita, mas sua estabilidade tensa faz sentido, e é por isso que é interessante.

Mas Deheon não vai contra-atacar nunca? Vai ficar assim?

O 3o Reich durou para sempre? A União Soviética? O Império Ultramarino Português? Nenhuma conformação geopolítica é eterna, e é por isso que as guerras táuricas são interessantes. A situação atual do Reinado me lembra um duelo: algum dos lados vai atacar, algum dia. Se atacar cedo demais poderá perder terras, se demorar demais será atacado primeiro...

Se Deheon atacar agora, Thormy será executado. E Tapista ganhará um pretexto para atacar novamente.

Se Tapista atacar, o tenso equilíbrio dos territórios conquistados pode se desfazer. O nosso cidadão comum de 70 kg sente-se intimidado diante de uma legião ocupando sua cidade. Mas se essa legião for atacar Valkária e deixar apenas um punhado de soldados, a figura muda. Se nesse momento surgir um rebelde com meia dúzia de espadas e uma idéia na cabeça, coisas podem começar a acontecer.

Percebeu?

É por isso que eu gostei das Guerras Táuricas! Tanto a Tormenta quanto a Aliança Negra sempre foram inimigos distantes, contra os quais pouco se pode fazer, e contra os quais todos concordam que tem que lutar.

Os minotauros, por outro lado, estão aí do lado, estão aí em volta. E eles não são o mal absoluto, até ontem eram aliados! E de repente deu essa merda toda! Da mesma forma, de repente, tudo pode mudar de novo!
Aqui entra outra coisa fantástica: as guerras táuricas não estão apenas nos campos de batalha e tratados entre os nobres. Estão dentro da cabeça das pessoas! Será que os minotauros são mesmo piores que os nobres de sempre? Será que escravizar os criminosos é mesmo ruim? Será que Tauron está mesmo errado?

Concluindo, eu adorei o livro, adorei o evento Guerras Táuricas e espero que esse texto confuso sirva para inspirar aventuras envolvendo o conflito! Se você ainda não comprou o suplemento, compre, e se ainda não joga Tormenta, jogue! As imagens são do antigo seriado do Sítio do Picapau Amarelo que eu achei pelo google imagens mesmo.

8 comentários:

  1. Muito bom Gruingas! Acho que Guerras Táuricas foi um excelente material e não mereceu muitas das críticas que teve.

    Só concordo com o Nume que fazer um ataque rêlampago num mundo medieval (o famoso "estouro da boiada"), e a guerra se desenvolver num espaço curto de tempo é inverosimil... mas plausivel se você pensar que magias de teleporte de certa forma compensam a mobilidade em um mundo onde não existe automóvel ou avião.

    A raça dos Minotauros e sua cultura, acho perfeitamente coerentes... não vejo razão pra polêmica e um monte de mimimi que a galera bota nos fórums...


    Bom, vou aproveitar a oportunidade e fazer um jabá safado de 2 contos que escrevi ambientados em torno das GT XDDD

    http://caveiracinza.blogspot.com/search/label/Guerras%20T%C3%A1uricas


    Vlw!

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  2. Oi Benedetto,

    não sei se a movimentação seria um problema tão grande. Afinal o grau da surpresa deve ser medido de acordo com a velocidade com a qual a informação é propagada.

    Então se os minotauros tem que marchar a pé, os mensageiros na maioria das vezes vão se deslocar a cavalo. De modo que o ataque não teria de ser tão rápido para ser surpreendente.

    Além disso, os minotauros usaram trilhas secretas pra ficar na boca do gol antes do ataque. Talvez não funcionasse na realidade, mas é verossímil o suficiente pra um mundo onde há um império de homens com cabeça de boi.

    De qualquer forma, é muito bom saber que alguém leu a postagem!

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  3. Outro ponto comentado pelo Nume sobre a inverossimilhança da Blitzkrieg táurica foi a falta de comunicação, que impossibilitaria uma coordenação das forças de Tapista.

    Só que ele esquecia de mais uma das contribuições do necromante de plantão, Vladslav Tpish, o Berloque da Comunicação que, em resumo, funciona como um walkie talkie que só um dos lados recebe as mensagens. Isso sem falar dos magos mensageiros...

    Ou seja: Foi perfeitamente razoável a estratégia que levou Tapista a vitória.

    Sobre a estabilidade do Império, o livro ressalta um ponto, que eu concordo integralmente, que demonstra como a estabilidade foi adquirida mais facilmente que nós, meros leitores e pessoas do mundo real, acharíamos.

    A plebe vivia na miséria sob o comando dos nobre: se matavam de trabalhar para mal sobreviver, enquanto os nobres se esbaldavam em banquetes e bailes.

    Aí chegam os minotauros, acabando com a farra dos nobres e dando condições melhores para os plebeus: agora eles conseguem trabalhar e realmente conseguir algo em troca, as ruas estão mais seguras e limpas pela política marcial dos minos, as crianças estão na escola. Tudo isso em troca apenas uma lei rígida, severa e de submissão a um governo que, agora sim, é realmente mais forte e "superior" que eles.

    Para a uma granda parte da plebe, isso para um BELO de um acordo...

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  4. Caramba isso está virando uma discussão interessante mesmo!

    Sobre a comunicação, nem precisa do Berloque (pqp Quaresma! Item do Holy Avenger d20!!). A magia mensageiro animal já funciona que é uma beleza.

    E os minotauros aparentemente melhoraram a vida da galera mesmo, mas isso nem sempre é o suficiente: http://www.youtube.com/watch?v=ExWfh6sGyso

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  5. Ótimo artigo, só um adendo, os minos foram citados pela primeira vez na aventura Fuga de Triumphus (onde é dito que o oráculo possui um guarda-costas minotauro), posteriormente na aventura Holy Avenger, depois na revista Holy Avenger nº 7 (onde é mencionada a cidade de Tapista) e a estréia oficial dos minos realmente é na Tormenta 2 (onde é descrita detalhadamente a raça, comportamento e reino).

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  6. Na verdade, mensageiro animal não serve. Porque o animal tem que ir até o local, normalmente, e isso não seria comunicação em tempo real.

    A não ser que você ache um animal que teleporte...

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  7. na realidade em triumpohus original o mino tinha a possibilidade de ele proprio ser o oraculo e que o "oraculo" nada mais seria que um fantoche.

    Quanto ao guerras aturicas é um livro excelente e gera milhares de debates acalorados entre jogadores

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  8. Aninimo: Isso é que é conhecer Tormenta hein!

    Quaresma: você está certo, o Mensageiro Animal não é comunicação em tempo real. Mas como quase ninguém em Arton tem acesso a esse tipo de comunicação, não acho que os minotauros precisassem de algo tãaaaao eficiente. Eles estavam invadindo o reinado, não a Polônia...
    E eu fiquei impressionado em como quase não há magias de comunicação! Acho que isso rende uma postagem...

    Brauner: eu me lembro dessa história do Oráculo, mas eu vi ela republicada no Tormenta 3a Ed. E o Guerras Táuricas é mesmo um ótimo livro.

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